A passagem de
um ciclone extratropical pelo litoral do Rio Grande do Sul deixou mortos,
desaparecidos e centenas de famílias desabrigadas, sem comunicação em áreas
vulneráveis.
Até a tarde deste sábado (17), a Defesa
Civil do Rio Grande do Sul registrou 11 pessoas mortas, 20 desaparecidas, 2.330
desabrigadas e 602 desalojadas. De acordo com a corporação, 41 municípios foram
afetados.
O ciclone provocou chuva ininterrupta e
diversos estragos desde a noite de quinta-feira (15) no estado, sobretudo na
região leste -que abrange, além do litoral, parte da serra gaúcha, a região dos
vales e a região metropolitana de Porto Alegre.
As mortes já confirmadas ocorreram em
Maquiné (3), São Leopoldo (2), Novo Hamburgo, Caraá, Bom Princípio, São
Sebastião do Caí, Esteio e Gravataí
Em Maquiné (a 129 km de Porto Alegre), três
pessoas morreram soterradas, todas da mesma família. O município do litoral
norte do estado está com acessos terrestres bloqueados por conta dos
deslizamentos causados pelas chuvas. Em Barra do Ouro, distrito do município
cercado de rios e montanhas, há cerca de 450 pessoas ilhadas.
"A gente não tem notícias. Perdemos
pontes, acessos, tem muitos rios na parte alta da cidade. Não temos noção exata
da quantidade de famílias desalojadas", afirma Eliane Pioner, secretária
de Assistência Social de Maquiné.
Sem acesso por terra, a Prefeitura de
Maquiné tem enviado um helicóptero para transportar insulina e remédios para
cardíacos e hipertensos, além de combustível para as construções que possuem
gerador. Para o domingo (18) está programada uma nova ida do helicóptero à
região para levar roupas e donativos.
"Até a sede do distrito maior a gente
consegue ir com veículo pequeno. Mas para o interior dos vales, não. São pontes
interrompidas, bueiros abertos, estradas danificadas", diz Luciano de
Almeida Alves, secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente do município.
Em Caraá (a 92 km de Porto Alegre), uma
pessoa morreu, 18 estão desaparecidas e 300 estão desabrigadas, de acordo com a
prefeitura. Cerca de 50 casas foram destruídas pela chuva e o principal acesso
ao município foi danificado após a queda de uma ponte. A comunicação por lá é
difícil: o fornecimento de energia foi prejudicado e os sinais de celular e
internet são oscilantes.
"Amanhã, na primeira hora do dia, vamos
recuperar o acesso secundário e construir uma ponte de madeira", diz o
prefeito de Caraá, Magdiel Silva (PSDB).
"As equipes de resgate estão
trabalhando arduamente desde ontem para socorrer quem estava em situação de
risco. Montamos um abrigo comunitário em frente à prefeitura, onde acolhemos
pessoas desabrigadas e distribuímos comida, roupas, remédios. Mais de 200
voluntários trabalham na cidade", declarou o prefeito.
Na sexta-feira (16), um homem e um cão de
estimação que estavam ilhados no município de Lindolfo Collor foram resgatados
de helicópteros pela Brigada Militar.
A CEEE-Equatorial, uma das empresas
responsáveis pelo fornecimento de energia no estado, contabilizou, até a tarde
de sábado (17), 75 mil clientes sem energia, "impactados principalmente
pela dificuldade ocasionada pelas intempéries, como queda de árvores, inundações
e outros aspectos", diz, em nota.
As regiões mais afetadas são a
metropolitana, com 60 mil consumidores sem energia, e o litoral norte, com
outros 15 mil. Desde o começo do ciclone extratropical 347 mil consumidores
tiveram o fornecimento de energia normalizado.
O governo do Rio Grande do Sul divulgou nas
redes sociais uma campanha de doação de roupas, agasalhos, itens de higiene e
alimentos. Quartéis da Brigada Militar, prefeituras, sedes de secretarias,
supermercados e agências do Banco do Brasil são pontos de doação.
No Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) manifestou solidariedade às vítimas. O governador Eduardo Leite
(PSDB) esteve em Caraá, na manhã deste sábado (17), junto com os ministros
Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Social) e Paulo Pimenta
(Comunicação Social).
No Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul,
81 soldados formados última sexta (16) foram deslocados para reforçar as
equipes de salvamento que trabalham nos municípios atingidos. Ao todo, 440
bombeiros formam o efetivo que atua exclusivamente no resgate às vítimas do
ciclone. Segundo a corporação, 2.420 pessoas foram resgatadas.
Enquanto auxilia no resgate aos
desabrigados, Alves, secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente de Maquiné,
também pensa no impacto econômico da passagem do ciclone. Maquiné, segundo ele,
é o maior produtor de hortigranjeiros do Rio Grande do Sul.
"Metade das hortaliças vendidas no
Ceasa (Centrais de Abastecimento) de Porto Alegre saem de Maquiné. A produção
das hortaliças para o plantio de inverno foi perdida em praticamente 100% com a
inundação do rio das Várzeas. Esta é uma época onde já há cultura", afirma
Alves.
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia)
prevê tempo nublado na região afetada, mas não há alertas sobre novas chuvas.
Fonte: Bahia
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