A
Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (11/5) que a
mpox não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional
(ESPII). O mais alto título de alerta da organização havia sido declarado para
o surto da “varíola dos macacos”, como era então conhecida a doença, no final
de julho de 2022.
A decisão
ocorre menos de uma semana após a OMS anunciar que a Covid também não é mais
uma emergência sanitária global.
De acordo com a entidade, a mudança de status foi motivada pela tendência
global de queda dos casos da doença. O alerta da OMS
é feito para desencadear uma resposta internacional coordenada e desbloquear
financiamento para colaboração no compartilhamento de vacinas e tratamentos.
Na coletiva em que fez o anúncio, o
diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, lembrou, porém, que o vírus continua
afetando alguns grupos específicos, como comunidades em alguns países do
continente africano e pessoas que vivem com HIV e que não recorrem a
tratamentos de saúde.
“Assim como com a Covid-19, isso [esse
rebaixamento do status] não significa que o nosso trabalho acabou. A mpox
continua a representar desafios significativos de saúde pública que precisam de
uma resposta robusta, proativa e sustentável”, disse.
Quase 90% menos casos de mpox foram relatados nos últimos três meses, em
comparação com o número do mesmo período anterior, acrescentou o chefe da OMS.
Segundo os últimos dados da OMS, mais de
87 mil casos de mpox foram confirmados em todo o mundo desde janeiro de 2022.
Além disso, 140 mortes também foram contabilizadas desde então.
No Brasil, a vacinação contra a doença
começou em março deste ano para grupos específicos, como pessoas vivendo com
HIV/aids (PVHA), profissionais de laboratório que trabalham diretamente com
Orthopoxvírus [a família do vírus da monkeypox] e pessoas que tiveram contato
direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas.
Desde
setembro do ano passado, porém, o número de casos no país também está em
declínio considerável. A curva epidêmica dos casos confirmados e prováveis teve sua maior
frequência registrada no período de 17 de julho a 20 de agosto de 2022.
Demora na aplicação da vacina
Desde agosto do ano passado, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação do uso da vacina
contra a monkeypox, chamada de Jynneos/Imvanex.
A medida tinha validade de seis meses,
mas quando o prazo esgotou em fevereiro, a pedido do ministério, a agência
prorrogou a dispensa de registro para que a pasta importasse e utilizasse no
Brasil o imunizante, que é fabricado pela empresa Bavarian Nordic A/S.
Isso porque as doses já tinham sido
adquiridas por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e importados
pelo governo federal, um número aproximado de 49 mil. Apesar disso, as vacinas,
que possuem prazo de até 60 meses de validade, só foram utilizadas este ano, 6
meses após a aprovação do imunizante.
No Brasil, segundo os últimos dados disponíveis, foram confirmados 10.920 casos
de mpox. Além disso, 16 óbitos foram contabilizados pelo Ministério da Saúde: 1 no Pará, 1
em Santa Catarina, 1 no Maranhão, 1 em Mato Grosso, 3 em São Paulo, 4 em Minas
Gerais e 5 no Rio de Janeiro.
Mudança de nome
A mpox era chamada de varíola dos macacos porque foi identificada pela
primeira vez em colônias de macacos, em 1958. Só foi detectada em humanos em
1970. Entretanto, o surto mundial do ano passado não tem relação nenhuma com os
primatas – todas as transmissões identificadas foram atribuídas à contaminação
por transmissão entre pessoas.
Por causa disso, no ano passado, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um processo de consulta pública para
encontrar um novo nome para a doença e assim combater o racismo e estigma
provocado pelo nome. Durante o processo, foram ouvidos vários órgãos
consultivos até chegar no termo “mpox” (do inglês, “monkeypox”).