Três pessoas foram encontradas em situação similar a de escravo nas
casas clandestinas para pessoas com transtornos mentais fechada em Feira de
Santana no sábado (15/4). A informação foi divulgada pelo Ministério Público da
Bahia (MP-BA) nesta segunda-feira (17).
O local foi alvo de uma operação conjunta deflagrada pelo MP-BA,
Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, Secretaria de
Justiça e Direitos Humanos do Estado, Polícia Federal e Polícia Civil.
O Ministério Público informou que o dono das unidades foi conduzido à
delegacia, mas não foi informado se ele foi preso.
Não foram informadas quais eram as atividades desenvolvidas pelas
pessoas encontradas em situação similar a de escravo, mas o MP-BA especificou
que uma delas era paciente da instituição, que trabalhava no local para pagar o
tratamento. Além delas, 60 pacientes foram achados em situação de extrema
vulnerabilidade.
De acordo com os órgãos, os pacientes viviam em situação insalubre e os
dois endereços do estabelecimento não atendiam os requisitos mínimos para a
internação involuntária. O local não prestava atendimento médico satisfatório e
não contava com equipe técnica multidisciplinar.
Durante a operação realizada na sexta-feira, os pacientes passaram por
exames de corpo de delito e por avaliações psiquiátricas. Depois dos exames,
oito deles foram internados no Hospital Especializado Lopes Rodrigues; três
pessoas acamadas foram encaminhadas para atendimento médico de urgência nas
UPAs 24h do Município de Feira de Santana e 31 residentes retornaram ao
convívio familiar. Os demais residentes da casa estão sendo acompanhados por
equipes socioassistenciais.
Segundo o MP-BA, processo de interdição do estabelecimento clandestino
está em andamento.
Investigações
As investigações começaram no dia 10 de abril. Foram feitas inspeções no
local e as Secretaria de Saúde do Estado da Bahia e as Secretarias Municipais
de Saúde e de Assistência Social de Feira de Santana foram acionadas.
Na sexta-feira, a operação foi deflagrada e a maioria dos pacientes
foram realocados em outras instituições ou voltaram para as casas de suas
famílias. Nesta segunda-feira (17), os órgãos seguem apurando as condições dos
demais trabalhadores do local. Os funcionários resgatados do trabalho similar à
escravidão estão sendo acompanhados na esfera trabalhista.