A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito até a última
atualização dessa reportagem.
Segundo o relato da delegada Amanda Menuci Petelinkar, da Delegacia
Especializada no Atendimento à mulher (Deam), Márcio Cabral Conceição, que
atuou como pastor por sete anos, se apresentava como ministro de estudos
bíblicos e, nos encontros que ele marcava, começou a usar artifícios para
convencer a vítima de que sua salvação espiritual dependia dele.
“O suspeito e a vítima tinham uma relação de confiança. Inclusive, ele
sabia detalhes da vida dela. Sabia que ela já havia sofrido abuso sexual na
infância, e usou dessa confiança para coagí-la”, explicou a delegada.
A investigação também apurou que o marido da vítima participava dos
estudos bíblicos ao lado da esposa, mas foi proibido pelo pastor de continuar
frequentando os encontros. De acordo com a delegada, ele usou sua influência
como líder religioso para convencer o homem, da mesma forma que fez com a
vítima.
Em janeiro, em um desses encontros, a vítima foi coagida a ir até um
motel com o suspeito. Após isso, a mulher percebeu que estava sendo enganada e
se negou a encontrar o pastor novamente. Ao ser rejeitado, o suspeito começou a
ameaçar a vítima.
Em trechos de uma conversa por mensagem, divulgada pela polícia, o
pastor diz que se a vítima batesse de frente com o Pai (referindo-se a Deus),
ele não teria misericórdia dela. “Eu sou o senhor dos exércitos, o criador dos
céus e da terra, ninguém pode me vencer. Se você não mandar mensagem amanhã de
dentro do ônibus, tudo que eu disse ao (sic) seu respeito vai se cumprir”,
escreveu o suspeito.
Em outro trecho, o pastor também ameaça o marido da vítima: “Que (sic)
me rejeitar, é meu inimigo. Vou matar metade da população mundial, e se você
não largar o marido morto pelo vivo, eu vou recolher você”.
Após essa série de ameaças, a vítima procurou a polícia. O inquérito foi
finalizado e, inicialmente, o suspeito poderá responder por abuso sexual
mediante fraude. Contudo, após o caso, surgiu uma nova vítima do pastor. A
delegada também não descarta a possibilidade de que ele tenha feito outras
vítimas.